• Marilia Marasciulo
Atualizado em
Estudantes vestem as roupas em desfile realizado em universidade (Foto: Divulgação)

Estudantes vestem as roupas em desfile realizado em universidade (Foto: Divulgação)

Os livros do norte-americano William Gibson, escritor de ficção científica conhecido como “profeta” do cyberpunk, inspiraram uma coleção de moda pouco comum, com roupas inteligentes com alta capacidade sensorial e de comunicação. As chamadas “roupas cibernéticas” foram criadas pelo pesquisador Mário Gazziro durante seu pós-doutorado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP.

O processo foi longo: foram dois anos idealizando e desenvolvendo o projeto. A ideia era criar uma peça que, além de servir como roupa, pudesse monitorar a saúde da pessoa e interagisse com o meio ambiente, por exemplo, usando sensores que identificassem o esforço físico diário acusado. O custo do material, porém, seria muito alto, e o objetivo inicial ficou de lado.

Mesmo assim, e embora ainda esteja muito longe da realidade de desfiles e coleções de moda, o resultado final não deixou a desejar. As quatro peças criadas têm sensores de monitoramento cardíaco e sinais luminosos que se comunicam entre si, um dos grandes destaques do projeto.

Diferentemente de outros experimentos com roupas e acessórios inteligentes, a proposta da equipe do ICMC é mais audaciosa por incluir módulos transmissores e receptores de rede sem fio do tipo mesh, no padrão ZigBee. Isso significa que as informações de cada roupa não precisam de um roteador centralizador das comunicações. “Por exemplo, se 50 mil pessoas estivessem em um estádio de futebol e suas roupas quisessem se comunicar entre elas para mudar de cor, não seria necessário que cada uma transmitisse a informação a um roteador”, explica Gazziro.

Estudante posa com roupa inteligente (Foto: Divulgação)

Estudante posa com roupa inteligente (Foto: Divulgação)

No desfile de apresentação das roupas, realizado na Universidade Federal do ABC (UFABC), as peças mudavam de cor quando as modelos se aproximavam da passarela.

Outro ponto interessante da tecnologia é que ela funciona com um sistema único e permite a adição de diferentes sensores que podem facilitar o cotidiano das pessoas. “Uma matriz de microfones capaz de captar a direção de sons poderia alertar deficientes auditivos que um veículo se aproxima fora de seu campo de visão, por exemplo”, diz Gazziro.

Por enquanto, porém, as roupas cibernéticas permanecem restritas aos livros de Gibson ou à pequena coleção de Gazziro, sem previsão de serem comercializadas.

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